A decisão pela compra de um imóvel
financiado é um processo que pode comprometer boa parte da renda de uma família
por até 30 anos. O Terra ouviu especialistas que responderam a 15 perguntas
sobre mercado imobiliário, financiamento, documentação e outros temas para
auxiliar na busca pelo melhor negócio.
De acordo com o vice-presidente da Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac),
Andrew Storfer, o principal a ser levado em conta no momento de adquirir um
imóvel é o planejamento. "Tranqüilidade, usar a cabeça, essa é a
palavra", diz.
Celso Petrucci, economista-chefe e
diretor-executivo do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e
Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP),
lembra que é importante estar de acordo com todos os aspectos legais que
envolvem o processo de compra de um imóvel.
"(É preciso) fazer uma aquisição responsável.
Mostrar para algum advogado ou amigo que tenha feito um contrato corretamente.
(Procure) ler o contrato para procurar cláusulas abusivas. E tomar
cuidado, porque pode ser um dos únicos (contratos de financiamento imobiliário)
que ele vai assinar na vida", explica.
Já a gerente-geral de locação e venda da Lello
Imóveis, Roseli Hernandes, alerta que a documentação do imóvel que o
interessado quer comprar precisa conter divórcio ou morte do cônjuge do atual
proprietário, além do registro das possíveis ampliações que tenham sido feitas
no bem. "Sem isso, o banco não libera o financiamento", explica.
1) Quais são as limitações para compra do imóvel do
SFH?
O imóvel que for financiado pelo Sistema Financeiro
da Habitação (SFH) deve ter valor de avaliação máximo de R$ 500 mil e o valor
financiado não pode exceder R$ 450 mil.
2) Quais são as condições para utilizar meu FGTS
para comprar ou dar entrada em um imóvel?
Os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) só podem ser utilizados para a compra de imóveis de até R$ 500
mil e que sejam residenciais urbanos. Para usar o benefício na aquisição, a
pessoa precisa comprovar que trabalhou por pelo menos três anos (seguidos ou
alternados) sob o regime do FGTS.
O proponente também não pode ser proprietário de
imóvel residencial (construído ou em construção) no município onde exerce sua
profissão (ou nos vizinhos/região metropolitana) ou no seu atual município de
residência.
O imóvel que é alvo de aquisição por parte de uma
pessoa que quer utilizar o seu fundo de garantia também não pode ter sido
objeto de utilização do FGTS em aquisição anterior ou liberação da última
parcela de construção há menos de três anos.
Outra exigência é que o imóvel alvo da aquisição
deve estar devidamente registrado no cartório de imóveis de sua região.
3) Quais cuidados tomar na aquisição de um imóvel
novo?
Segundo Celso Petrucci, economista-chefe e
diretor-executivo do Secovi-SP, a pessoa que vai comprar um imóvel novo (na
planta) precisa coletar informações sobre a incorporadora (não a construtora,
segundo ele) do empreendimento. "Procure conhecer um empreendimento feito
pela empresa. Um que tenha cinco, dez anos, para ver como ficou a conservação
do imóvel", explica.
De acordo com ele, conversar com proprietários de
um prédio construído pela incorporadora também é um bom caminho para avaliar a
qualidade da construção e do projeto.
Já Andrew Storfer ressalta que é necessário ter uma
reserva financeira para os custos que vêm com a entrega do imóvel, como, em
alguns casos, a instalação do piso, a parcela de entrega das chaves e as
prestações intermediárias do financiamento.
4) Como funciona o financiamento pela chamada
"Tabela Price" ou pelo SAC?
A chamada "Tabela Price" nada mais é que
o sistema de financiamento por prestações fixas. Já no Sistema de Amortização
Constante (SAC), o valor que é abatido do total financiado é constante e, como
os juros são maiores no começo do financiamento, as parcelas decrescem.
Segundo Storfer, apesar de contar com a correção
pela remuneração básica da poupança em seus contratos, o SAC é preferível pois,
além do custo das parcelas diminuir para o consumidor ao longo do
financiamento, o valor total pago é menor do que na "Tabela Price".
5) Por que os juros da "Tabela Price" são
maiores que os cobrados no SAC?
Segundo Storfer, a diferença ocorre porque, no
financiamento por prestações fixas, não há correção pela TR. O vice-presidente
da Anefac explica ainda que a chamada "Tabela Price" está caindo em
desuso, com preferência para o SAC.
6) Além das prestações, há algum custo
intermediário que tem que ser pago durante o financiamento?
Nos financiamentos bancários não há parcelas
intermediárias no financiamento imobiliário. No entanto, segundo Storfer, no
caso dos financiamentos diretamente com a construtora, é normal que existam
pagamentos de valores diferenciados na entrega das chaves e/ou anualmente. Ele
recomenda que seja feita uma reserva pelo comprador para evitar surpresas quando
estas cobranças (geralmente de valor mais elevado) cheguem.
7) Qual o máximo da minha renda devo comprometer
para pagar a parcela de um financiamento?
Segundo o economista da Anefac, o valor máximo da
renda familiar a ser comprometido em um financiamento é de 25% a 30%. Storfer
explica que, para as famílias de menor renda, esse valor é de 30% e, para as de
maior renda, esse percentual diminui. De acordo com o vice-presidente da
entidade, este intervalo de percentuais é o que a maioria dos bancos utiliza
para regular a concessão de seus financiamentos.
8) Quais as principais despesas com documentação?
Segundo Petrucci, do Secovi-SP, os custos com a
documentação do imóvel ficam entre 4% e 5% do valor financiado e incluem o
pagamento do Imposto de Transmissão Bens Intervivos (ITBI) e do cartório de
registro de imóveis. No caso dos financiamentos, não há necessidade de gastar
com escritura, pois o próprio contrato é considerado como este documento, diz
ele.
9) Qual a idade máxima para começar um
financiamento?
Segundo Roseli, da Lello, a idade máxima varia de
banco pra banco, mas fica em torno de 70 a 75 anos. No entanto, de acordo com
ela, é necessário ressaltar que, para esta faixa de idade, o prazo máximo de
financiamento é menor.
10) Quais critérios são levados em conta no momento
de avaliar o valor do imóvel?
Roseli explica que o trabalho é feito por um perito profissional no
banco, que checa parâmetros como a regularidade da construção, a metragem e condição
de conservação. Outros critérios envolvem o valor de locação e a média dos
preços dos imóveis na região.
11) Quais garantias ou seguros são contratados no
momento da aquisição?
A gerente da Lello diz que, no financiamento
bancário, a contratação de um seguro é automática. No entanto, ele só cobre o
pagamento das parcelas em casos de morte ou invalidez.
12) Quais aspectos relativos à documentação do
imóvel pretendido devem ser observados no momento da compra?
Quaisquer alterações no projeto original (reforma ou
ampliação) devem ter sido registradas na escritura do imóvel. Caso o atual dono
seja divorciado ou viúvo, é necessário que a separação ou o óbito do
companheiro conste na documentação.
"Muitas vezes as pessoas não querem pagar
pelas alterações no cartório e dessa forma atrasam ou inviabilizam a futura
venda", conta ela. Outro cuidado é verificar se o atual dono não possui
execução judicial de débito em seu nome - o que é feito pela certidão negativa
de débitos. "Se o vendedor tem execução (de débitos) em seu nome, ele não
pode vender o imóvel. A prioridade é dos credores", explica.
13) Quando sei que vale a pena trocar o aluguel por
um financiamento?
A decisão para comprar um apartamento não pode se
basear apenas em critérios econômicos ou financeiros, diz o vice-presidente da
Anefac, Andrew Storfer. Para ele, é necessário levar em conta outros fatores
como a idade da pessoa e seus planos profissionais.
Storfer cita o exemplo de um casal jovem que ainda
não se fixou em um determinado emprego. "Se a pessoa é muito jovem,
provavelmente vai trocar de emprego e nas grandes cidades as distâncias são
muito grandes. (Comprando um imóvel) ele perde mobilidade. Quando ele tem a
locação, é mais fácil de 'desalugar' e alugar em outro lugar", explica.
Segundo ele, a situação se inverteria para um casal
mais velho e que já tem filhos. "Quem está casado e já tem filhos está
numa fase da vida que pode se fixar mais. São outros fatores sempre que acabam
influenciando e não só o aspecto econômico-financeiro".
No caso de um imóvel novo, financiado pela
construtora, o economista da Anefac ressalta que é importante levar em conta
não só as prestações, mas também o pagamento das parcelas intermediárias e os
custos após a entrega das chaves. "Há imóveis que não vêm com piso sob o
pretexto de que você pode personalizá-lo", explica.
No entanto, se a pessoa está consciente do que quer
fazer e tiver o dinheiro para dar uma entrada, em um imóvel similar ao que mora
de aluguel, uma parcela próxima ao valor pago no aluguel pode valer a pena,
aponta Andrew Storfer.
14) Qual o prazo e entrada ideais para financiar um
imóvel?
O economista da Anefac diz que a fórmula é simples:
a entrada deve ser a "maior possível" e o prazo de pagamento o
"menor possível". No entanto, no caso da entrada, o comprador deve se
precaver e deixar uma reserva de dinheiro para os custos que vêm com a mudança,
como mobília e pequenas reformas, por exemplo.
No caso do financiamento de um apartamento novo, o
interessado ainda deve atentar para os custos da entrega (parcela da chave,
instalação de piso, decoração da cozinha, etc), além das prestações
intermediárias.
Outra dica dada por Storfer é que o prazo de
pagamento acima de 15 anos, de forma geral, não traz benefícios ao consumidor,
pois a redução da parcela é pequena e o período de pagamento será maior.
15) Quais as vantagens do Programa Minha Casa Minha
Vida, do governo federal?
O programa Minha Casa, Minha Vida, lançado pelo
governo federal este ano, conta com vantagens como subsídio na compra, juros
reduzidos e isenção/abatimento de taxas cartoriais para a aquisição de imóveis
novos. Os benefícios são definidos com a renda do comprador, sendo a de zero a
três salários mínimos a única que conta com subsídios para a compra.
De zero a dez salários mínimos, o programa conta
com benefícios como descontos no seguro de vida obrigatório para o
financiamento, isenção ou abatimento de taxas cartoriais e a criação de um
fundo garantidor que refinancia as prestações quando o contribuinte tiver perda
temporária de renda no decorrer do financiamento.
Fonte: Terra
Confira 15 questões sobre compra de imóveis
Reviewed by Felipe Cattarinelli
on
10:48:00
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